No cenário atual de crescente sofisticação dos ataques cibernéticos, as organizações buscam não apenas proteger suas redes, mas também entender melhor os métodos utilizados por criminosos digitais. Uma das estratégias mais eficazes para isso é o uso de honeypots — sistemas projetados especificamente para enganar e estudar atacantes.

Armadilha cibernética representada por um pote de mel, conhecida como honeypot – Foto: Freepik

O que é um honeypot?

Um honeypot é um sistema de computador configurado para simular um alvo atraente para cibercriminosos, com o objetivo de detectar, desviar e analisar tentativas de intrusão. Ele se apresenta na rede como um servidor legítimo ou outro recurso de valor, mas na realidade, é uma armadilha cuidadosamente monitorada.

 

O funcionamento de um honeypot baseia-se em parecer vulnerável. Por exemplo, ele pode simular respostas a protocolos explorados por ransomware, como o Server Message Block (SMB), ou fingir ser um banco de dados com informações sensíveis. Esses sistemas costumam ser reforçados com medidas de segurança extras, para evitar que um ataque bem-sucedido se espalhe para sistemas reais da organização.

Apesar dos benefícios, a manutenção de um honeypot exige conhecimento técnico avançado e atenção constante, o que pode gerar custos elevados.

Como os honeypots funcionam?

Os honeypots operam como uma simulação realista de sistemas que poderiam ser alvos de ataque — como redes financeiras, dispositivos de IoT ou infraestruturas críticas. Eles são isolados da rede de produção, geralmente posicionados em uma zona desmilitarizada (DMZ) ou até mesmo fora do firewall, diretamente expostos à internet.

Esse isolamento é essencial: como qualquer interação com o honeypot é considerada suspeita, ele se torna uma poderosa ferramenta para identificação de atividades hostis. Além disso, ao distrair os invasores, protege os ativos reais da empresa e permite que equipes de segurança coletem dados valiosos sobre as ameaças enfrentadas.

Máquinas virtuais são frequentemente usadas nesses ambientes, facilitando a restauração em caso de comprometimento. Quando vários honeypots são usados em conjunto, formam uma honeynet; se são centralizados com ferramentas de análise, constituem uma honey farm.

Para que servem os honeypots?

Além de atuarem como armadilhas para enganar invasores, os honeypots têm um papel fundamental na pesquisa de segurança cibernética. Eles ajudam a:

  • Coletar informações sobre técnicas de ataque.

  • Estudar comportamentos de agentes maliciosos.

  • Testar respostas a incidentes de forma segura.

  • Reduzir o ruído em sistemas de detecção de intrusão.

Um exemplo paralelo são as armadilhas de spam, como as usadas no Projeto Honey Pot, que visam capturar dados de spammers para reduzir o volume de mensagens indesejadas e auxiliar investigações.

Contudo, nem sempre o uso de honeypots é legítimo. Hackers também podem utilizá-los para espionar pesquisadores ou atrair vítimas. Dispositivos como o Wi-Fi Pineapple exemplificam isso: com eles, é possível criar redes Wi-Fi falsas que monitoram o tráfego de usuários desavisados. Apesar disso, esses dispositivos também são úteis para testes de invasão éticos, simulando ataques reais para identificar vulnerabilidades.

Onde posicionar (ou não) um honeypot?

A eficácia de um honeypot depende fortemente de seu posicionamento estratégico. Alguns locais recomendados incluem:

  • No perímetro da rede: para detectar ataques antes que alcancem sistemas internos.

  • Dentro da rede: como uma segunda linha de defesa.

  • Próximo a ativos de alto valor: para desviar atenção de sistemas críticos.

  • Em redes IoT: para estudar a exploração de dispositivos conectados.

  • Em ambientes de nuvem: para monitoramento de ameaças em infraestrutura virtualizada.

Por outro lado, certos posicionamentos devem ser evitados:

  • Muito visíveis: facilitam a identificação e evasão por hackers experientes.

  • Em sistemas críticos: aumentam o risco de comprometimento de dados sensíveis.

  • Próximos a sistemas públicos sem isolamento: podem ampliar a superfície de ataque.

Honeypots são ferramentas valiosas para a cibersegurança moderna, oferecendo insights detalhados sobre comportamentos maliciosos e fortalecendo as defesas das organizações. Embora exijam investimento e expertise, seu potencial para detectar e mitigar ameaças justifica sua implementação, especialmente em ambientes com alto risco de ataque.

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