O tema ganhou destaque internacional depois que o Malwarebytes Labs chamou atenção para supostos “novos termos” que permitiriam esse acesso. A discussão se espalhou rapidamente — mas também gerou ruído, desinformação e interpretações equivocadas.
A seguir, destrinchamos o caso sob a perspectiva técnica e de privacidade, explicamos o que realmente acontece, e mostramos como desativar qualquer tipo de compartilhamento de dados.

O que motivou o alerta?
O debate começou quando usuários notaram que o Gmail exibia, novamente, opções relacionadas a “Recursos Inteligentes”, como:
-
Respostas automáticas
-
Sugestões de escrita
-
Extração de informações de emails (ex.: datas para o Google Agenda)
-
Organização automatizada da caixa de entrada
Esses recursos existem há anos e funcionam analisando localmente conteúdo da conta. O ponto que gerou polêmica é que essas funcionalidades passaram a ser associadas — mesmo que indiretamente — ao conjunto de ferramentas baseadas no Gemini.
Apesar da conexão aparente entre “Recursos Inteligentes” e IA avançada, isso não significa que o Google está treinando o Gemini com seu email.
Ainda assim, é um risco real que grandes empresas centralizem dados sensíveis demais, e por isso o assunto reacendeu discussões sobre transparência e privacidade.
O Google nega o uso do Gmail para treinar o Gemini
Em nota enviada ao TecMundo, o Google foi categórico:
“Esses relatos são enganosos — não alteramos as configurações de ninguém;os Recursos Inteligentes do Gmail existem há muitos anos e não usamos o conteúdo da sua conta de Gmail para treinar o Gemini.”
Do ponto de vista regulatório (LGPD e GDPR), esta afirmação é crítica:usar emails pessoais para treinar IA sem consentimento explícito violaria normas de privacidade, finalidade e necessidade.
O que realmente existe: processamento para recursos, não treinamento de modelo
É importante separar:
✔ Processamento do email para entregar recursos ao usuário
(Ex.: sugerir respostas, identificar eventos, marcar spam)
❌ Treinamento de modelo de IA com emails de usuários
(O Google afirma que não faz isso)
No entanto, o processamento automático ainda envolve acesso aos conteúdos — mesmo que local, anonimizado ou limitado — o que justifica totalmente o desejo de muitos usuários de desligar esses recursos.
Como impedir que o Gmail acesse conteúdo para “Recursos Inteligentes”
Mesmo não havendo treinamento do Gemini, você pode bloquear todo e qualquer processamento relacionado a recursos automatizados.
💻 No computador (versão web)
-
Abra o Gmail
-
Clique no ícone da engrenagem
-
Selecione “Ver todas as configurações”
-
Role até Recursos inteligentes
-
Desmarque a opção
-
Salve as alterações
🧩 Também desative no Google Workspace (caso use contas corporativas)
-
Acesse as configurações da conta Google
-
Abra Gerenciar configurações inteligentes de recursos do Workspace
-
Desative:
-
Recursos inteligentes no Gmail e Workspace
-
Recursos inteligentes em outros produtos do Google
-
-
Salve
📱 Em smartphones (Android e iPhone)
-
Abra o app do Gmail
-
Toque no menu lateral
-
Vá em Configurações
-
Escolha a conta desejada
-
Role até Privacidade / Recursos Inteligentes
-
Desative a opção
🧊 Análise Iceberg Security: o risco está menos na prática e mais no precedente
Mesmo com a negativa oficial do Google, o caso expõe três problemas sérios:
1. Mudanças silenciosas geram desconfiança
Qualquer alteração em interface ou wording sem aviso claro reforça a percepção de falta de transparência.
2. Termos amplos permitem interpretações problemáticas
Mesmo não usando emails para treinar IA, termos de uso do Google ainda incluem cláusulas genéricas como:
-
“melhorar serviços”
-
“aprimorar recursos”
-
“entregar experiências personalizadas”
Na visão de especialistas, isso deixa espaço para interpretações futuras.
3. O conteúdo do email é altamente sensível
Emails contêm:
-
dados pessoais
-
contratos
-
senhas
-
documentos de trabalho
-
comunicações privadas
-
informações financeiras
Nenhum usuário deve aceitar que esse tipo de informação seja usado para finalidades desconhecidas.
Desablitar é simples — e prudente
Mesmo com a posição oficial do Google negando uso de emails para treinar IA, nada impede que o usuário mantenha o nível máximo de privacidade.
Desativar os “Recursos Inteligentes”:
-
reduz o processamento automático do conteúdo
-
impede uso cruzado no Workspace
-
reforça sua postura de privacidade
-
evita mal-entendidos futuros
Em tempos de IA generativa, qualquer granularidade adicional de controle sobre seus dados é uma vitória para o usuário.