Apesar de registrar uma receita recorde de US$ 51,2 bilhões no terceiro trimestre de 2025, o lucro líquido despencou para US$ 2,7 bilhões, frustrando analistas e investidores.

Segundo a empresa, a queda foi provocada por uma cobrança fiscal extraordinária de US$ 16 bilhões, decorrente da lei norte-americana conhecida como Big Beautiful Bill, aprovada durante o governo Trump. A companhia atribuiu diretamente o impacto ao regime tributário dos Estados Unidos. Caso a despesa não existisse, o lucro teria alcançado US$ 18,6 bilhões, sinal de que a operação principal segue sólida.

eta registra prejuízo de US$ 16 bilhões por taxa fiscal dos EUA - Plataformas Facebook, Instagram, WhatsApp, Threads e Messenger

Mesmo assim, as ações da Meta recuaram cerca de 8% nas negociações após o fechamento da bolsa, refletindo preocupações com o aumento acelerado dos gastos e a escalada de investimentos em inteligência artificial.

A aposta na superinteligência

Durante conferência com analistas, Mark Zuckerberg afirmou que a empresa está “antecipando agressivamente a construção de capacidade” em data centers para suportar os “casos mais otimistas de superinteligência”, termo usado para descrever sistemas de IA que superam a capacidade humana.

A Meta revisou sua previsão de gastos de capital para US$ 70 a 72 bilhões em 2025, e planeja investir ao menos US$ 600 bilhões até 2028 em infraestrutura nos Estados Unidos. A estratégia visa consolidar posição na corrida global por capacidade computacional, mas pressiona o caixa e eleva o risco operacional no curto prazo.

O paradoxo da IA corporativa

O caso da Meta ilustra o paradoxo enfrentado por grandes empresas de tecnologia: a inteligência artificial demanda investimentos massivos em energia, hardware e segurança de dados, enquanto o retorno financeiro dessas apostas ainda é incerto.

Em paralelo, cresce a pressão regulatória e ética sobre o uso de dados pessoais. Organizações que expandem suas operações em IA precisam lidar com obrigações de governança, transparência e responsabilidade algorítmica, especialmente em jurisdições com legislações rigorosas de proteção de dados.

No contexto da segurança da informação, a concentração de poder computacional em poucas empresas reforça um ponto de alerta: quem controla a infraestrutura da IA controla o fluxo global de dados. Essa dependência cria novos vetores de risco e amplia a importância da cibersegurança corporativa.

Dados, anúncios e o motor da receita

Mesmo diante do rombo contábil, o núcleo financeiro da Meta permanece robusto.Mais de 3,5 bilhões de pessoas utilizam diariamente pelo menos um dos aplicativos do grupo. A plataforma de anúncios baseada em IA tem aumentado a eficiência das campanhas e a segmentação dos públicos, e novas frentes de monetização — como anúncios no WhatsApp e no Threads — ampliam a diversificação de receita.

Essa estrutura reforça a interdependência entre publicidade digital e inteligência artificial, evidenciando como a coleta e o tratamento de dados continuam sendo o alicerce da estratégia corporativa da empresa.

O que está em jogo

O resultado financeiro da Meta é mais do que uma questão contábil: representa o custo do avanço tecnológico em larga escala.À medida que as big techs aceleram investimentos em superinteligência, a segurança da informação e a governança de dados tornam-se pilares da sustentabilidade digital.

Empresas que dependem de IA precisarão equilibrar inovação e responsabilidade, evitando que o entusiasmo tecnológico se transforme em vulnerabilidade estratégica.